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O Impacto dos Dividendos em seu Patrimônio
Todos conhecemos a história do pote de ouro no final do arco íris. De origem irlandesa, essa história nos diz que no final de todo arco íris existe um tesouro: um pote cheio de moedas guardado por duendes, sendo necessário cumprir diversos feitos para conseguir ter acesso a esse tesouro.
Acredito que esse spoiler não seja novidade: tal tesouro não existe, pelo menos em forma material. Mas a lenda nos mostra que o caminho a ser percorrido é o que nos fortalecerá e que, com muita dedicação, o sonho almejado será alcançado.
Em complemento, o arco íris é um fenômeno ótico, que se forma na separação das cores da luz solar e dispersão através de gotículas de água. A visualização desse arco íris vai depender de onde você está, da distância e do ângulo. Portanto, você nunca chega ao final de um arco íris.
Mas qual a relação dessa história com os dividendos?
Desculpe lhe decepcionar, mas a distribuição dos dividendos não agrega absolutamente nada em seu patrimônio. Eles são proventos financeiros distribuídos pela empresa e não uma criação de valor. Portanto, sua distribuição tem um efeito nulo em relação ao seu Patrimônio.
Antes de demonstrar isso, vamos para algumas definições importantes.
Toda distribuição de dividendos irá indicar pelo menos as seguintes informações:
a) Valor dos dividendos por classe de ação;
b) Data “com” direito de dividendos: quer dizer, que qualquer investidor que comprar as ações até essa data fará jus ao direito do recebimento desses dividendos.
c) Data “Ex” direito: é o dia posterior ao dia “com”. No dia “Ex” não adianta mais comprar essas ações pensando nos dividendos.
d) Data de Pagamento. Na data “Com” você adquire o direito de receber um valor, porém é na data de pagamento que será efetivamente creditado em sua conta.
Muito bem, dominando tais informações, você pode pensar: “Ora....vou comprar essas ações e receber esse belo e gordo dividendo. Após esse evento, eu vendo as ações com alguma variação e o dinheiro é muito maior que qualquer variação comum de um dia”. Aqui está nosso pote de ouro no final do arco íris.
Vamos a um exemplo simples:
- Empresa A tem ações negociadas a R$ 50,00 a unidade;
- Indica distribuição de dividendos de R$ 10,00;
- Hoje é dia “Com” e amanhã será o dia “Ex”;
Atitude do nosso investidor:
Compra hoje, 100.000,00 reais a R$ 50,00 por ação;
Amanhã vende a ação ao preço que estiverem e garante o direito de receber, no dia de pagamento, R$ 10,00 por ação.
Vamos ver o que ocorre no mercado com o valor nominal dessa ação?
Na data da compra a ação fecha (D+0 e Data “COM”) R$ 50,00 reais;
No dia seguinte (D+1 e Data “EX”), a bolsa abrirá essa ação (considerando que não haverá nenhuma variação de mercado por oferta e demanda no leilão) ao preço de R$ 40,00 e pasmem, a variação será de 0,00%!!!
Qual o principal motivo para isso acontecer?
Vamos olhar o patrimônio do nosso investidor do exemplo acima:
(premissa: não haverá flutuação de preço em relação a oferta e demanda do ativo):
Obs.: Perceba que no Dia 3, na venda das ações, apesar de ter ficado sem ações, ele ainda tem o valor a receber. Isso se dá por ter adquirido esse direito ao ter as ações no dia 2 (Data “Com”). Portanto, o investidor poderá vender essas ações a partir da data “Ex” que não perderá o direito ao valor deliberado e homologado de dividendos.
Então, não ocorreu nenhuma variação patrimonial em relação a distribuição de dividendos. Caso perguntem se os derivativos das ações também ajustam, a resposta é sim. Pois tudo é feito para que o efeito dos dividendos seja nulo.
Portanto, meu caro investidor, a tese de montar uma carteira de dividendos e receber uma renda futura, gerando a tão almejada independência financeira é uma falácia? A resposta é não! Aqui entra “o caminho” do nosso arco íris: a disciplina, o acompanhamento, a análise, as oportunidades e as estratégias são fatores importantes nesse caminho e que mantém essa tese de dividendos mais viva do que nunca.
Nos próximos artigos vamos aprofundar o tema. Contem conosco!